De acordo com dados do Censo Escolar, divulgados pelo Ministério da Educação em abril de 2025, não há bibliotecas em 114,4 mil escolas brasileiras — ou o equivalente a 63% do total de 179,3 mil escolas. No Rio Grande do Sul, os números são mais animadores: 84,5 % das escolas possuem biblioteca ou sala de leitura conforme o Anuário Brasileiro da Educação Básica de 2025.
Segundo a edição 2024 da Pesquisa Retratos da Leitura, nos últimos quatro anos houve uma queda de 6,7 milhões de leitores. Pela primeira vez, o estudo aponta que a proporção de não-leitores é maior do que a de leitores na população brasileira: 53% das pessoas não leram nem parte de um livro — impresso ou digital — de qualquer gênero, nos três meses anteriores à pesquisa.
Estes números, visivelmente desafiadores para qualquer país que pretende construir uma população leitora, podem ser compreendidos também como objetivos a serem trabalhados. E a sociedaade civil organizada pode contribuir com esse esforço. Para despertar o interesse pela leitura, segundo Adriane Laste, idealizadora do hub de projetos Nossa Biblioteca, é necessário garantir o acesso ao livro, aliado a uma curadoria especializada, elaborada com base nas características do público que irá recebê-lo:
“A diversidade de gêneros literários é fundamental, e hoje existem títulos dos mais variados. Há exemplares destinados à Educação de Jovens Adultos (EJA), obras em braille para garantir acessibilidade e até clássicos apresentados no formato de mangá, com linguagem simplificada e letras maiores”, comenta Adriane.
Criado pela CLIC — empresa de projetos socioculturais com o objetivo de atenuar problemas sociais relacionados à educação, geração de renda e sustentabilidade, em conjunto com as empresas privadas e públicas —, o hub Nossa Biblioteca conta com iniciativas que promovem a entrega de acervos com curadoria especializada. O projeto já distribuiu mais de 115 mil livros para 590 bibliotecas nos estados de Alagoas, Bahia, Goiás, Maranhão, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Pará, Paraná, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e São Paulo. Até o final de 2025, a meta é alcançar 175 mil livros entregues em todas as regiões do Brasil.
“Qualquer organização tem a oportunidade de remanejar verbas de impostos para investir em educação e cultura por meio da Lei Rouanet ou, ainda, apoiar via investimento social privado”, explica Adriane, a propósito da estrutura financeira da iniciativa. Empresas como Gerdau, Vipal Borrachas, Calçados Beira Rio S.A., Doctor Clin, entre outras, já participaram de ações que promovem a leitura em seus territórios de atuação, por meio do guarda-chuva de projetos do hub: Nossa Biblioteca III, o Pró-Biblioteca III, EcoLer, Ecoler II e o Bibliotecas RS.