Painel RBS Notícias: especialistas destacam importância da mediação na formação de jovens leitores

Mediado pelo jornalista Elói Zorzetto, o debate contou com a presença de Gláucia de Souza, escritora, professora e coordenadora do “A Feira Vai a Escola”; Vitória Sant’Anna, pedagoga e criadora da Biblioteca Agatha Félix; Marília Forgearini Nunes, professora da UFRGS e especialista em leitura e educação; e Adriane Laste, que atua no projeto da L&PM que faz doações de acervos a bibliotecas públicas.

A escritora destaca ser importante investir na formação desse mediador para que ele possa promover um “questionamento” daquilo que chega via internet para jovens leitores.

Vitória ressaltou a necessidade de conhecer e compreender esse público. “Quem são esses jovens?”, questionou. Segundo ela, é preciso pensar a realidade desses jovens para “começar a pensar em instrumentos de leitura e como acessar o livro.” A pedagoga lembra que é preciso que as narrativas façam sentido e estejam dentro de uma rotina para que o livro cumprindo o seu papel.

Já a professora Marília diz ser importante “não criar um atrito como se a internet fosse o que afastasse da leitura”, considerando que o acesso ao texto escrito se ampliou por meio da rede, mas é preciso estar atento para que à compreensão seja feita de forma qualificada. Por isso, acredita que o tema deva ser tratado de maneira “propositiva e não combativa”, então, é preciso “aprender como lidar pra aproximar e qualificar essa aproximação”.

Adriane falou do estímulo e do acesso e convivência com os livros para que seja criado o hábito da leitura.

“Nós acreditamos que, cada vez mais, a possibilidade da atualização dos acervos bibliográficos, a conexão com o livro físico, vai dar o estimula à leitura desde o bebezinho, estimulando a leitura desde os anos inicias, à formação do leitor que acontece no infanto-juvenil ao adulto”, diz.

Para que este estímulo se efetive, os professores nas escolas e os pais em casa têm papel fundamental. Para Marília Forgearini Nunes, os docentes devem ter um bom repertório de livros para poder compartilhar e fazer boas mediações e a presença do livro em casa também faz diferença. Adriana lembrou a influência da mãe nos anos iniciais, na leitura antes de dormir.

Já Gláucia e Vitória trouxeram a experiência da oralidade no espaço narrativo da família.

Vitória Sant’Anna destaca ainda os espaços dos territórios comunitários como espaço de incentivo à leitura.

“Ter um enraizamento no próprio território é muito mais significativo para o contato e, com certeza, é um aliado com o trabalho de leitura que a escola vem fazendo” , comenta.

O preços das obras foi destaca como um problema para o acesso aos livros.

“Pensa pra uma família que recebe o salário mínimo? A gente está vivendo um momento muito difícil de pós-pandemia, o que vai ser prioridade?”, questiona Vitória.

Para Gláucia de Souza, é importante que a cadeia literária continue criando estratégias para formar leitores.

“Literatura é uma das artes e, como arte, ela é aberta e propícia para a discussão, para que a gente se aproxime, se identifique os com as personagens, com os poemas”, fala.